"Auto 77" é uma continuacão, desenvolvimento de um projecto mais antigo intitulado "Natureza mortográfica". A morte é o tema, conceito, acontecimento que faz despoletar a acção, desde logo da vida por oposicão à morte. O corpo do fotógrafo, modelo é o corpo da morte simbólica que a técnica fotográfica representa. Corpo exposto, mortificado frente à câmara, dor e prazer.
O culto das imagens, e da fotografia em particular, no nosso tempo informa-nos da relação intrínseca entre tecnologia e morte. A fotografia exerce todo o seu fascínio na iminência do desaparecimento dos seus modelos. Está na sua natureza expressar, servir a morte, o medo e a inevitabilidade dela.
"Auto77" é um espasmo criativo, uma incontinência de registo. À consciência da morte acrescenta-se a postura fetichista que a contemporaneidade, o modelo tem face ao corpo e imagem do mesmo. O fotografo improvisa uma representação de combate, não só contra a morte (tendo em vista uma hipotética salvação artística?), mas também contra a sociedade, contra as suas imposições de normas alienantes.